Recife 17 de julho de 2008
O projetor e o Medo
O dia terminou tranqüilamente. Quando fui deitar, energias mais densas rondavam o ambiente, passando sensações de medo, sugerindo a presença de uma entidade negativa. Arrepios e a impressão de um choque elétrico suave na nuca deixaram-me em estado de alerta.
Preparei-me para a prece, buscando em pensamento a presença do meu mentor, amigo presente nas horas difíceis, que sempre passa ensinamentos , amor, ajudando a manter o discernimento. Logo senti que sussurravam em meus ouvidos espirituais: – Estou com você, mantenha a fé…
Continuei deitado, praticando os exercícios, equilibrando as energias, utilizando os anos de prática que havia acumulado, acima de todo medo, acima da névoa de negatividade que ainda se espalhava pelo ambiente. Não sabia quem era a entidade, mas tinha absoluta certeza de que ela precisava de muita ajuda. Procurando manter a calma, ia dominando o medo devagar, desacelerando o coração, sentindo a necessidade urgente de sair do corpo para ajudar, amparando-me na energia sutil do bom amigo espiritual que me protegia.
Finalizando as técnicas, entreguei o corpo espiritual nos braços daquela dimensão densa. Abri olhos espirituais ainda dentro do corpo. Senti meu amigo espiritual ajudando na decolagem do psicossoma. Afastei do corpo, para não ser puxado de volta, e fui até a sala da casa. A imagem aterradora de um espírito animalizado se apresentou. Estava totalmente controlado pelo ódio; a dor o tornava violento, de olhos esbugalhados, emanando fluidos pesadíssimos, como fumaça negra que envolve tudo ao redor. Concentrei-me, tentando não entrar na faixa vibratória daquele ser. Ainda sentia medo, mas a consciência da necessidade do trabalho se fazia mais importante, tornava-me forte. “- Que a luz esteja conosco”, disse. Nesse momento a entidade percebeu minha presença. Desesperou-se, tentou fugir, imaginou ser um ataque das trevas. Ao sentir-se encurralado, atacou-me, lançando-se em minha direção , inconsciente da verdade, dominado pelos sentimentos de ódio e vingança. “- Vim ajudar, irmão. Não quero fazer-te mal.”
Pedindo licença, emanei energia de paz e conforto, unindo-me ao mentor , cuja presença leve não se fez visível. Sem entender como, a entidade recebeu as vibrações serenas, e, perplexo, chorou, e implorou por ajuda. Era um espírito que carregava a dor por muitas eras. Perseguia alguém, dominado pelo ódio, mas já não sabia mais quem, nem onde se encontrava. O conhecimento de todo o caso é intuído a mim pelo meu amparador. São mais de quatro décadas carregando ódio no coração, enquanto o alvo de sua vingança já foi ajudado e encontra-se em outras paragens. A entidade, aliviada pelo pranto, adormeceu, e foi abraçada suavemente por mim. O ambiente foi ficando mais leve, energias transformando-se, até que eu voltei ao meu corpo físico, ainda sentindo as vibrações emanadas.
“- Como posso ter medo, quando há tantos necessitados?
E assim, transformando medo em maturidade, levanto-me, consciente do meu trabalho, sabendo que em qualquer lugar, a base é o amor, e ainda há muito por se fazer.
(Dedicado a todos os projetores conscientes e inconscientes. Que possam transformar seus medos em consciência e que estejam sempre atentos a necessidade do trabalho)
Muita paz, irmãos projetores.
Saulo Calderon